De todas as cabalas e ciências antigas, aquela que obteve maior popularidade e crédito através dos tempos foi, sem dúvida, a arte de conhecer o passado, presente e futuro, pelas lâminas de tarot.
Os Egípcios e os romanos já usavam métodos semelhantes, assim como os chineses, japoneses, hindus e outros povos. Naturalmente todos eles usavam simbologias diferentes.
Na França, Inglaterra e Alemanha, durante os quase lendários domínios feudais, o tarot era o modo mais rápido e seguro de se conhecer o destino, e muitos senhores feudais, barões, duques, príncipes e outros, usavam-no até mesmo para antever o resultado de uma batalha.
Na super católica Espanha, desafiando o terrível poder de Santo Ofício, a arte de deitar as lâminas vicejaram enormemente, com incrível difusão que chegava ao fanatismo.
O sistema de deitar as cartas, não é exatamente igual, variando de país a país e, até mesmo, de tarólogo a tarólogo. Isso é próprio, pois, a música apesar de ter apenas 7 notas: do, re, mi, fá, sol, la, si, os ritmos variam de país a país, tornando-se samba, valsa, tango, rumba, bolero, chachado, baião, etc. Com 7 notas se vai ao infinito. Assim também as cartas.
Os arcanos menores do tarot tem quatro naipes: bastão (paus), taça (copas), gládio (espadas) e moeda (ouros). Cada naipe vai de Ás a 10, mais quatro tipos de figuras: Reis, Rainhas, Cavaleiros e Pajens.
Os arcanos maiores são 22 e estão no cerne da magia do tarot, é nelas que se concentram os significados ocultos mais poderosos.
Arcano significa segredo, mistério, conhecido apenas pelos iniciados.
Antigamente dividiam-se os valores das cartas em duas grandes categorias:
- Na França, Bélgica, parte da Inglaterra, Suíça, Alemanha e parte da Itália, os valores eram representados por: paus, o punho de uma espada, correspondente a cavalaria; espadas, pela ponta de uma alabarda, representando os alabardeiros; ouros, pela ponta de uma flecha, representando os arqueiros; e copas, ponta de seta de uma besta (balestra) representando os besteiros. Outras diferenças nos desenhos, que eram sempre militares, paus nos baralhos franceses, o trifólio ou trevo, representavam o abastecimento de víveres, comida; espadas representavam as armas; ouros representavam as insígnias, bandeiras, brasões, etc.; copas, a coragem.
Outro significado era: paus, o camponês, o aldeão, o agricultor, enfim, o homem do campo; espadas, o militar, o soldado; ouros, o burguês, o cidadão rico, a classe media; copas, o pároco, padre, bispo, etc. Assim representavam às quatro classes sociais da época.
- Na outra parte da Inglaterra, Espanha, Portugal e na maior parte da Itália, essa simbologia era bem diferente, sendo os quatro naipes representados pelos seguintes símbolos: ouros, uma ou mais moedas; espada, pelo desenho das próprias armas, mais semelhantes a punhais ou adagas que espadas; copas pelo desenho de uma taça, mais correspondente à palavra copa; e paus, por bastões ou cacetes. As gravuras nas lâminas mudaram com o passar do tempo, tendo como figuras chaves, ícones de cada nação sendo representados em naipes diferentes.
Em 1932, conforme uma pintura de Giacomino Gringonneur, representando a donzela Odete divertindo Carlos VI, filho de Carlos V, imperador do Sacro império Romano, as figuras eram as seguintes: os 4 Reis representavam o rei David, figurando o povo hebreu; Alexandre Magno, representando o povo grego; César, representando os romanos; e Carlos Magno, o povo francês.
As 4 Rainhas (ou Damas) eram: Rachel ou Agnese Sorel, representando a beleza; Palade ou Joana D’Arc, a sabedoria; Judite ou Isabel da Baciera, a religião; e Argine ou Maria D’Angio, a mulher de Carlos VII, a hereditariedade (ou herança).
Os 4 Valetes eram as 4 idades da cavalaria: Etore, o valor toriano; Orlando, o paladino de Carlos Magno; Lanciotto, o campeão da Távola Redonda, do rei Artur; e La Hire, ardoroso capitão de Carlos VII.
O “Ás” acredita-se, ou, segundo um conceito celta, representa o princípio, o início, pois o “Um” é o começo de tudo.
Geralmente as cartas são fabricadas de cartão, cartolina, etc. principalmente depois da invenção da imprensa. Na China eram lâminas de marfim, e no antigo Egito eram lâminas de ouro.
Na Europa, de forma geral, eram mais aceitas as cartas ciganas, ou o tarot, como são modernamente chamadas.
Na Franca, por força da revolução e expulsão dos nobres, as cartas que representavam reis, rainhas e valetes, foram substituídas por Molière, La Fontaine, Voltaire e Rosseau (reis), a força, a temperança, a justiça e a prudência (damas) e a guarda, os “sans culottes” e soldados (valetes). O retorno da monarquia com Napoleão trouxe de volta as figuras reais: Francisco I, Henrique IV, Luiz Xl e Luís XVI (reis); Margarida de Valois, Joana d’Albert, A. Franca e Maria Antonieta (damas); Baiardo, Sully, Richelieu, Duque de Berry (valetes), etc.